domingo, 29 de janeiro de 2012

Síntese do Encontro das Comunidades de 17 de setembro de 2011

  1. Síntese do Encontro das Comunidades de 17 de setembro de 2011
No dia 17 de setembro, das 9 às 13h, reuniram-se na EE Milton Cruzeiro moradores das comunidades ameaçadas por remoções por conta das obras para a Copa de 2014 e criação dos Parques Lineares e membros dos movimentos Nossa Itaquera e Copa Prá Quem?
Na oportunidade, socializaram-se informações obtidas junto aos poderes públicos sobre as obras pretendidas em relação à Copa de 2014 e à criação do Parque Linear do Rio Verde e de seus possíveis impactos sobre a população. Posteriormente, as comunidades responderam a duas questões: o que queremos e o que faremos? Além disso, cada comunidade escolheu representantes por locais de moradia. O encontro foi coroado de êxito, não só pela presença de mais de 400 pessoas, mas pela disposição de luta estimulada pela oportunidade de somarmos forças. Foi importante a presença de representantes da defensoria pública que se comprometeram a encaminhar judicialmente pedido de esclarecimentos sobre as obras, prazos e locais atingidos, pois as informações ainda são veiculadas a conta-gotas pelos poderes públicos ou são propositalmente contraditórias no intuito de desarticular a organização popular.
  1. A vontade das comunidades
As comunidades reunidas manifestaram-se no sentido de pressionar os poderes públicos para que as informações sobre as obras sejam divulgadas com transparência e objetividade. Obras e prazos devem ser comunicados claramente, entretanto, sabe-se que a sonegação de informações é uma estratégia para impedir a organização e a luta popular por moradia. As comunidades manifestaram a vontade de organizadamente resistir a despejos e remoções, de permanecerem no local, sendo este urbanizado e legalizado, como também, se as remoções forem inevitáveis, devem ser negociadas pelos poderes públicos e comunidades, com a construção de moradias na proximidade dos locais que ocupam na atualidade e declararam o desejo de pagar por elas na medida de suas posses. Morar na região significa manter a organização de vida dos moradores, seus laços comunitários, acesso às escolas e mesmo seus empregos e fontes de renda. É desejo que as negociações sejam pacíficas e organizadas, como também, expressaram não aceitarem remoções para albergues ou a bolsa-aluguel, pois isso não resolve a questão de ter onde morar dignamente. Caso uma das soluções seja por meio de indenizações, estas devem também ser negociadas coletivamente e serem justas, o que significa ter valor suficiente para que se possa adquirir outra casa. Além das reivindicações que tomaram forma no Encontro, as comunidades propuseram reunirem-se por comunidade, tomar decisões conjuntas e criar uma única agenda de ações; estabelecer canais de comunicação entre elas e os movimentos de luta por moradia; criar um blog e divulgar nos locais de moradia ameaçados os resultados das reuniões do movimento; manifestarem-se diante das subprefeituras de Itaquera e Penha; resistir a despejos.
  1. Decisões tomadas nos grupos formados por comunidades
O trabalho nos grupos formados por cada comunidade (exceção à Zorrilho e Pacarana pelo fato de situarem-se em uma mesma área) visou estabelecer respostas às questões apresentadas no início do Encontro: O QUE QUEREMOS? O QUE FAREMOS?
Assim, após amplo debate nos grupos, cada comunidade apresentou para as demais as principais decisões tomadas em grupo ou comunidade e quais são os seus representantes:

CAITITU
Posicionar-se a favor de moradias dignas e que acontecendo a retirada que seja para um local igual ou melhor,
Unir os moradores para resistir aos ataques do poder público-privado,
Fazer uma manifestação em frente a subprefeitura.

CAMPANELLA
Legalização, urbanização e infra-estrutura (água e esgoto)

3 COCOS
Informação correta, não querem albergue ou bolsa-aluguel, querem moradia;
As atas das reuniões do movimento devem ser distribuídas nas comunidades;
Fazer reuniões nas comunidades.

VILA PROGRESSO
Moradia na própria região;
Unir-se a outras comunidades ameaçadas, resistir e participar das reuniões.

ZORRILHO e PACARANA
Esclarecimentos oficiais com antecedência; participação no processo de intervenção, caso haja;
Negociação pacífica e organizada;
Indenização justa; transparência no uso do dinheiro público;
Política de urbanização no local (caso haja permanência)
Tomar decisões conjuntas; agenda única;
Estabelecer canal de comunicação; criar um blog

COMUNIDADE DA PAZ
Reassentamento em local próximo ao atual da comunidade;
Os moradores fazem questão de pagar pela moradia.
   
A partir da apresentação das comunidades marcou-se uma reunião dos movimentos e representantes em que se discutiria a formação de um único movimento e se avaliaria os resultados do Encontro.

Síntese elaborada pelo Prof. Antonio Carlos a pedido do coletivo “Comunidades Unidas da Zona Leste”

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