Síntese do Encontro das Comunidades de 17 de setembro de 2011
No dia 17 de setembro, das 9 às 13h, reuniram-se na EE Milton Cruzeiro moradores das comunidades ameaçadas por remoções por conta das obras para a Copa de 2014 e criação dos Parques Lineares e membros dos movimentos Nossa Itaquera e Copa Prá Quem?
Na oportunidade, socializaram-se informações obtidas junto aos poderes públicos sobre as obras pretendidas em relação à Copa de 2014 e à criação do Parque Linear do Rio Verde e de seus possíveis impactos sobre a população. Posteriormente, as comunidades responderam a duas questões: o que queremos e o que faremos? Além disso, cada comunidade escolheu representantes por locais de moradia. O encontro foi coroado de êxito, não só pela presença de mais de 400 pessoas, mas pela disposição de luta estimulada pela oportunidade de somarmos forças. Foi importante a presença de representantes da defensoria pública que se comprometeram a encaminhar judicialmente pedido de esclarecimentos sobre as obras, prazos e locais atingidos, pois as informações ainda são veiculadas a conta-gotas pelos poderes públicos ou são propositalmente contraditórias no intuito de desarticular a organização popular.
A vontade das comunidades
As comunidades reunidas manifestaram-se no sentido de pressionar os poderes públicos para que as informações sobre as obras sejam divulgadas com transparência e objetividade. Obras e prazos devem ser comunicados claramente, entretanto, sabe-se que a sonegação de informações é uma estratégia para impedir a organização e a luta popular por moradia. As comunidades manifestaram a vontade de organizadamente resistir a despejos e remoções, de permanecerem no local, sendo este urbanizado e legalizado, como também, se as remoções forem inevitáveis, devem ser negociadas pelos poderes públicos e comunidades, com a construção de moradias na proximidade dos locais que ocupam na atualidade e declararam o desejo de pagar por elas na medida de suas posses. Morar na região significa manter a organização de vida dos moradores, seus laços comunitários, acesso às escolas e mesmo seus empregos e fontes de renda. É desejo que as negociações sejam pacíficas e organizadas, como também, expressaram não aceitarem remoções para albergues ou a bolsa-aluguel, pois isso não resolve a questão de ter onde morar dignamente. Caso uma das soluções seja por meio de indenizações, estas devem também ser negociadas coletivamente e serem justas, o que significa ter valor suficiente para que se possa adquirir outra casa. Além das reivindicações que tomaram forma no Encontro, as comunidades propuseram reunirem-se por comunidade, tomar decisões conjuntas e criar uma única agenda de ações; estabelecer canais de comunicação entre elas e os movimentos de luta por moradia; criar um blog e divulgar nos locais de moradia ameaçados os resultados das reuniões do movimento; manifestarem-se diante das subprefeituras de Itaquera e Penha; resistir a despejos.
Decisões tomadas nos grupos formados por comunidades
O trabalho nos grupos formados por cada comunidade (exceção à Zorrilho e Pacarana pelo fato de situarem-se em uma mesma área) visou estabelecer respostas às questões apresentadas no início do Encontro: O QUE QUEREMOS? O QUE FAREMOS?
Assim, após amplo debate nos grupos, cada comunidade apresentou para as demais as principais decisões tomadas em grupo ou comunidade e quais são os seus representantes:
CAITITU
Posicionar-se a favor de moradias dignas e que acontecendo a retirada que seja para um local igual ou melhor,
Unir os moradores para resistir aos ataques do poder público-privado,
Fazer uma manifestação em frente a subprefeitura.
CAMPANELLA
Legalização, urbanização e infra-estrutura (água e esgoto)
3 COCOS
Informação correta, não querem albergue ou bolsa-aluguel, querem moradia;
As atas das reuniões do movimento devem ser distribuídas nas comunidades;
Fazer reuniões nas comunidades.
VILA PROGRESSO
Moradia na própria região;
Unir-se a outras comunidades ameaçadas, resistir e participar das reuniões.
ZORRILHO e PACARANA
Esclarecimentos oficiais com antecedência; participação no processo de intervenção, caso haja;
Negociação pacífica e organizada;
Indenização justa; transparência no uso do dinheiro público;
Política de urbanização no local (caso haja permanência)
Tomar decisões conjuntas; agenda única;
Estabelecer canal de comunicação; criar um blog
COMUNIDADE DA PAZ
Reassentamento em local próximo ao atual da comunidade;
Os moradores fazem questão de pagar pela moradia.
A partir da apresentação das comunidades marcou-se uma reunião dos movimentos e representantes em que se discutiria a formação de um único movimento e se avaliaria os resultados do Encontro.
Síntese elaborada pelo Prof. Antonio Carlos a pedido do coletivo “Comunidades Unidas da Zona Leste”